O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou na quinta-feira (21) que os ministros façam mais propaganda dos projetos do governo e criticou a imprensa por não divulgar as iniciativas. A declaração foi dada durante evento de lançamento do Plano Juventude Negra Viva, que contará com uma verba de R$ 665 milhões reunida por 18 ministérios.

“Cada ministro tem que adotar o plano juventude negra nos seus discursos em cada cidade, em cada fórum para as pessoas saberem o que ele é”, declarou em Ceilândia, região administrativa de Brasília (DF). As mesmas cobrança foram feitas na reunião ministerial na última segunda-feira (18). Lula disse que, quando os ministros se reunirem para falar mal dele, devem lembrar do plano.

“Quando vocês [ministros] se reunirem no grupo de zap de vocês, ou em qualquer fórum, para fazer falar mal do Lula, não tem problema, falem mal, mas lembrem que nós lançamos o plano juventude negra viva”, disse. Depois, continuou: “Porque, se depender da nossa gloriosa imprensa democrática, vocês não vão saber do programa”.

O petista começou a discursar perto das 11h. O evento estava marcado para às 10h e foi realizado no ginásio regional de Ceilândia, região administrativa de Brasília. Na plateia, estavam estudantes uniformizados, que deixaram o local antes de Lula concluir sua fala. Segundo o ministro Marcio Macedo, o grupo precisou pegar um ônibus fretado para voltar à escola.

O PLANO
O Plano Juventude Negra Viva foi articulado pelo Ministério da Igualdade Racial e pela Secretaria-Geral da Presidência da República e desenvolvido a partir das demandas os próprios jovens. Em 2023, as pastas realizaram caravanas participativas em todos os estados e no Distrito Federal e escutaram cerca de 6 mil jovens.

De acordo com o governo, a juventude negra representa aproximadamente 23% da população brasileira e a principal demanda desse grupo é “viver em um país que respeita e investe na vida dos jovens negros”. Com isso, o plano tem o intuito de promover mudanças estruturantes e duradouras para essa população.

O documento conta com 217 ações e 43 metas específicas, divididas em 11 eixos: saúde; educação; cultura; segurança pública; trabalho e renda; geração de trabalho e renda; ciência e tecnologia; esportes; segurança alimentar; fortalecimento da democracia; meio ambiente, garantia do direito à cidade e a valorização dos territórios.

Pesquisas mostram baixa popularidade

Nesta semana que passou, três diferentes pesquisas – Quaest, AtlasIntel e Ipec – apontaram uma queda de popularidade na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a pesquisa Genial/Quaest, publicada na quarta-feira (6/3), a avaliação geral do governo Lula é negativa para 34% dos entrevistados, ante 29% em dezembro. A avaliação é considerada positiva por 35%, ante 36% em dezembro.

Pela primeira vez desde o início do terceiro mandato, a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou abaixo de 50%, segundo o instituto de pesquisa AtlasIntel, que realiza pesquisas mensais sobre o tema.

Ainda assim, o percentual de aprovação do presidente (47,4%) é numericamente superior à reprovação (45,9%) – outros 6,7% disseram não saber. O levantamento foi publicado na quinta-feira (7/3)
Na sexta-feira (8/3), pesquisa Ipec mostrou que o número de brasileiros que considera a gestão de Lula ótima ou boa caiu cinco pontos percentuais, nos últimos três meses. Em dezembro, 38% consideravam o trabalho do governo ótimo ou bom. Em março, 33% tinham essa opinião.

Datafolha: Reprovação de Lula vai a 33%

Um ano e três meses após assumir a Presidência pela terceira vez, o presidente Lula (PT) vê sua aprovação empatar tecnicamente com a rejeição a seu governo. Consideram o trabalho do petista ótimo ou bom 35%, ante 33% que o avaliam como ruim ou péssimo e 30% como regular.

A aferição foi feita pelo Datafolha nesta terça (19) e quarta-feira (20), com 2.002 entrevistas com eleitores de 147 cidades. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

A aprovação presidencial oscila negativamente três pontos, o mesmo valor com viés de alta da reprovação, ambas dentro da margem de erro da pesquisa.

CRISE
O resultado mais imediato foi uma polêmica com o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) sendo criticado por anunciar a homologação judicial do acordo de delação premiada do acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista em 2018, insinuando a possível solução do caso.

Nesses pouco mais de três meses após o levantamento anterior do Datafolha, o presidente se viu sob fogo em diversas frentes e viu o antipetismo se revigorar nas ruas com o grande ato em favor do antecessor, Jair Bolsonaro (PL), no dia 25 de fevereiro, em São Paulo.

A mais visível, a crise aberta com Israel por ter comparado a guerra na Faixa de Gaza com o Holocausto, parece ter tido impacto direto no apoio entre os evangélicos, grupo largamente associado ao bolsonarismo e cuja defesa do Estado judeu é uma de suas bandeiras.

By Nocast