O maior hospital público do Rio Grande do Norte voltou a ter corredores lotados de pacientes à espera de leitos e cirurgias nos últimos dias. Nesta terça-feira (03), segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde/RN), o Hospital Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel (HEWG) possuía 37 pacientes nos corredores, tendo ainda uma sala do centro cirúrgico sendo ocupada com usuários.

Segundo informações da coordenadora do Sindsaúde, Rosália Fernandes, a sobrecarga no Walfredo se deve a uma série de fatores, como o aumento no número dos acidentes de motos recentemente e a falta de atendimento regionalizado e em Natal para traumaortopedia.

“São vários fatores: é a questão da regionalização que não funciona no Estado, é o município de Natal que não faz procedimentos por falta de anestesistas. E também temos um grande número de acidentes, as cirurgias eletivas. O Walfredo faz muita cirurgia eletiva de ortopedia, de urologia, então isso faz com que aconteça essa superlotação. Além dos pacientes nos quartos, há pacientes nos corredores das enfermarias”, cita.

Até o fim da tarde desta terça-feira (03), eram cerca de 37 pacientes nos corredores do Pronto Socorro, sendo outros 36 alocados em salas do atendimento clínico, politrauma e salas de observação. Além deles pelo menos 5 pacientes estavam alocados numa das salas do centro cirúrgico segundo informações do SindSaúde-RN.

Uma dessas pessoas internadas no Walfredo aguardando cirurgia é o esposo de Kaline Oliveira, agricultora de Ielmo Marinho. Seu esposo, de 38 anos, que é adestrador de cavalos, caiu do animal e fraturou o joelho, sendo cirurgiado e já aguardando por um segundo procedimento, ainda sem data para acontecer. “Ele está num leito pós-cirurgia. Precisará fazer outra ainda esses dias em um novo hospital”, disse.

Quem também foi atendido no Walfredo recentemente foi o servidor público Alexsandro Silva, 48 anos, que sofreu um acidente de moto em Parnamirim. Ele fraturou o tendão do pé direito. “Até o momento não fiz cirurgia, os médicos vão avaliar”, cita.

Em nota enviada à TRIBUNA DO NORTE, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap) disse que a gestão do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel segue trabalhando, em parceria com as equipes da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), “para agilizar transferências e realização de procedimentos cirúrgicos na própria unidade e em outras que atuam como retaguarda. A Sesap montou um grupo técnico para auxiliar os processos de alta e liberação de leitos, bem como a transferência de pacientes com menor risco para os serviços de seus respectivos municípios”, disse.

A pasta acrescentou que desde julho o Walfredo vem registrando uma alta no número de atendimentos no seu pronto-socorro, com aumentos nos casos de ortopedia, AVC e, especialmente, acidentados de motocicleta, que pela primeira vez ultrapassaram as 800 vítimas em agosto, e segundo dados preliminares, alcançou os 900 casos.

“A unidade também está recebendo um investimento de R$ 9 milhões por parte do Governo do Estado para a construção de um novo centro cirúrgico e reforma de dois andares de enfermaria e do centro de tratamento de queimados, visando ampliar a capacidade de atendimento do hospital”, finalizou a nota.

Governo confirma novo hospital com 350 leitos

O Governo do Estado confirmou na última segunda-feira (02) o projeto de um novo hospital com foco na ortopedia com 350 leitos. O contrato no valor de R$ 184,57 milhões para construção do novo Hospital Metropolitano do RN foi firmado, na por representantes do Estado, do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal.

Com a assinatura, o Governo recua da ideia de retirar um andar da futura estrutura e reduzir 93 leitos, mantendo assim a proposta inicial. O cronograma do governo estadual prevê o lançamento da licitação até o final de 2024, após análise da Caixa, e conclusão das obras até 2026. Os recursos são oriundos do governo federal e Caixa Econômica, sem previsão de contrapartida do Estado.

O projeto aguarda ainda um aval da Vigilância Sanitária, necessário para que o Estado apresente a proposta para análise da Caixa. A secretária de Estado da Saúde Pública (Sesap), Lyane Ramalho, ressaltou a importância da manutenção dos 350 leitos. “O gabinete da presidência entendeu que o metro quadrado é mais baixo do que o que tinha sido colocado pela empresa, então o metro quadrado baixou para R$ 6.650, então a gente conseguiu manter os 350 leitos. É nessa lógica que vamos construir os 27.750 m², que é o que está no projeto”, disse.

Ao longo dos últimos meses, o esboço do hospital passou por diversas alterações estruturais e orçamentárias, conforme revelou a reportagem da TRIBUNA DO NORTE, com base em ofícios trocados entre as esferas estadual e federal de governo. Segundo solicitação do Governo encaminhada para o Ministério da Saúde e para a Casa Civil, em julho passado, foi necessário reduzir um andar do futuro hospital para conseguir adequar os custos. O número de leitos planejados caiu de 350 para 257. No entanto, nesta segunda (2), o Estado anunciou que o número previsto de leitos voltou a ser 350.

Tribuna do Norte

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