O cartão corporativo pagou mais de R$ 8,5 milhões em despesas com viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023. O montante inclui gastos de janeiro a dezembro, no primeiro ano do mandato do petista.
De acordo com o Planalto, as idas do titular do Planalto ao exterior servem para recuperar a imagem do Brasil e seriam um “investimento”.
Comparado ao primeiro ano de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve aumento de 182,56% em despesas com viagens internacionais no cartão corporativo.
Os valores foram corrigidos pela inflação, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA.
Contudo, enquanto os gastos de Lula se referem a 21 países visitados, as despesas de Bolsonaro contemplam viagens a apenas 10 nações.
Vale destacar que o governo Lula tem apostado na diplomacia para restabelecer vínculos com aliados estratégicos e revigorar a imagem do Brasil no exterior. O número de idas do petista a outras nações superou a quantidade registrada em todo o primeiro ano do governo de Bolsonaro.
Os valores foram obtidos pelo Metrópoles, via pedido, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), enviado à Casa Civil.
As despesas pagas pela Presidência da República, por meio do cartão de pagamentos do governo federal, inclui serviços de apoio de solo, provisão de bordo (fornecimento de alimentação aos passageiros e à tripulação) e telefonia.
A soma não inclui despesas de responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores, como as referentes à hospedagem.
Gastos do cartão corporativo com viagens internacionais de Lula (2023)
Com gastos acima de R$ 1,6 milhão, a viagem de Lula ao Japão foi a que teve maior despesa. O chefe do Executivo brasileiro visitou Hiroshima, no Japão, entre 13 e 21 de maio, para participar da cúpula do G7. O Brasil não era convidado para a cúpula desde 2009, durante o segundo mandato do petista.
Confira nota do Planalto
As viagens internacionais realizadas pelo presidente Lula ao longo de 2023, além de recuperar a imagem do Brasil no exterior, foram um investimento. Só em anúncios de investimentos e doações ao Fundo Amazônia, os valores ultrapassam em 8.600% os custos citados pela reportagem. O Fundo recebeu R$ 726,4 milhões em doações da Suíça, dos EUA, da Alemanha e do Reino Unido no ano passado, maior valor desde 2009.
Já na viagem à China, foram fechados 15 acordos de cooperação, que podem render investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, além de novas tecnologias. Na volta, foram fechadas parcerias que podem render até R$ 12,5 bilhões em recursos dos Emirados Árabes.
Com a Arábia Saudita, foram firmados 25 acordos de investimento em agosto, quando o ministro de Investimentos saudita esteve no Brasil, totalizando US$ 3,5 bilhões. E na recente visita do presidente Lula ao país, o lado saudita reiterou intenção de investir US$ 10 bilhões do Fundo de Investimento Público (PIF) no Brasil, em particular em empresas como Vale, Minerva Foods e BRF, e em projetos de energias renováveis.
Por sua vez, na viagem à Alemanha, foram anunciados dois acordos entre o BNDES e o banco de desenvolvimento alemão KfW, um de € 15 milhões para o Floresta Viva; e outro de € 100 milhões em empréstimo para mobilidade urbana sustentável.
O Brasil destacou ainda, durante a COP28, as potencialidades para a produção de biocombustíveis: produção do combustível sustentável de aviação (SAF), do diesel verde (também chamado de HVO), do etanol de segunda geração, além dos já conhecidos etanol hidratado e biodiesel. Essa iniciativa deverá atrair mais de R$ 200 bilhões em investimentos para o Brasil até 2037.
Além disso, ao longo de 2023, o Brasil abriu 78 novos mercados externos para os produtos agropecuários nacionais em 39 países.